segunda-feira, 22 de março de 2010

Privilégio


Quantos e quantos filmes que de nada serviram já foram feitos?

Quantos e quantos não se habilitam a papéis rejeitados por Gibson?


Certos patamares, determinadas posturas são privilégio de pouquíssimas pessoas. Prerrogativas de pessoas "felizes" saltam aos olhos dos normais, que vêem tudo de baixo para cima e vislumbram utopia ao se imaginarem degraus acima.

Nossa sociedade faz exigências, dita regras, impõe modelos do que chama de sucesso, fadando todos os "rebeldes" ao fracasso. Somos gordos, somos feios, somos inferiores ou de cor, ficamos à margem e ainda temos que aplaudir os "exemplos"?

Se a base desse modelo não fosse a inveja, talvez ainda desse tempo de mudar... mas suscitar inveja não é fácil quando se tem ojeriza à palavra ambição, quando se pensa que competir não é melhor do que cooperar, quando se vê robôs tomando lugares de humanos e, pasmem, esses robôs são os próprios humanos, com gestos repetidos, carreiras a seguir, trilhos a percorrer sem que a bitola lhes sirva e com mentes cada vez mais niveladas, no alto dos seus MBAs de cartilha mercadológica, na rala singularidade e semelhança de suas ideias - mesmas ideias, mesmos "gurus".

Não se pode, claro, fugir da vida em sociedade, mas ser normal não é ser infeliz. Não é o almejar postos mais altos que o torna bom no que faz, é o prazer de estar ali por seus méritos, com seu suor, em qualquer nivel hierárquico ou fora deles. Não é o prazer de superar alguém que o deve fazer delirar, pois isso é compensação da cíclica angústia que lhe é imposta quando é você o superado.

Voltando um pouco no tempo e exacerbando o regionalismo da Língua, o melhor comentário à fala de Mel Gibson seria:

"Quero ver dizer isso é liso!"

Talvez por isso, o importante é ser feliz, mesmo que sua felicidade seja trazida por gestos simples, não carros luxuosos; por sorrisos sinceros, não por dígitos no saldo da conta bancária; por felicidade de quem lhe quer bem, não por interesses egoístas; por atos dignos, não por status; por vento na face, não por botox nos lábios, por palavras próprias e não por discursos revisitados.

Bom mesmo seria dizer "quem pode, pode... quem não pode... tem suas razões".
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