Quem viveu os anos 90 e já "se entendia por gente" lembra do festival de pedidos de CPI que o PT encabeçava e, obviamente, o PSDB combatia e, usualmente, vetava e impedia ou minimizava.
Eu já "me entendia por gente" e bem lembro disso. Já se dizia que CPI tinha propósito eleitoreiro, que era mero palanque e quem propunha investigação só queria fazer barulho e coisas do tipo, nada diferente de hoje.
O que não se sabia, nem se esperava era ver uma troca de papéis tão sincronizada, tão fiel, entre os mesmos partidos em momentos diferentes.
Hoje, com o exercício da reflexão, com o entendimento dos propósitos de cada um desses partidos fica evidente que são mesmo atores, que são agentes num mesmo processo, com papéis eventualmente trocados e intenções bem alinhadas.
É bem recente a troca e, obviamente, pela falta de maturidade democrática, eles apenas se imitam - um no poder, outro na busca por ele - desde os tais anos 90. Se isso vai mudar, não se sabe. Na verdade, nem se sabe se eles querem essa mudança, mas é certo que sempre almejam o sabor do poder e não importa o papel a desempenhar.
Nesse espaço escondido, apesar de público, fica expressa a indiferença aos propósitos das CPIs, pois só agora se percebe que os dois partidos, pelo menos nisso, estão certos: as Comissões Parlamentares de Inquérito são distorção do papel do parlamento, são manobras das publicações mais expressivas do país e, portanto, ilegítimas em seu intento de esclarecer, de apurar e punir.
Que fique claro que almejar o poder é a razão de existirem os partidos e isso, teoricamente, os enobrece. O que os empobrece é a mesmice e cada vez fica mais claro que todos são iguais.
Assim, dentre picaretas e pizzaiolos, estrelas vermelhas e aves bicudas, vastos bigodes e dedos em riste, atos secretos e fatos obscuros, bastardos e nepotismo, sempre temos mais do mesmo.
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