sexta-feira, 17 de julho de 2009

Troca de Papel

Quem viveu os anos 90 e já "se entendia por gente" lembra do festival de pedidos de CPI que o PT encabeçava e, obviamente, o PSDB combatia e, usualmente, vetava e impedia ou minimizava.

Eu já "me entendia por gente" e bem lembro disso. Já se dizia que CPI tinha propósito eleitoreiro, que era mero palanque e quem propunha investigação só queria fazer barulho e coisas do tipo, nada diferente de hoje.

O que não se sabia, nem se  esperava era ver uma troca de papéis tão sincronizada, tão fiel, entre os mesmos partidos em momentos diferentes.

Hoje, com o exercício da reflexão, com o entendimento dos propósitos de cada um desses partidos fica evidente que são mesmo atores, que são agentes num mesmo processo, com papéis eventualmente trocados e intenções bem alinhadas.

É bem recente a troca e, obviamente, pela falta de maturidade democrática, eles apenas se imitam - um no poder, outro na busca por ele - desde os tais anos 90. Se isso vai mudar, não se sabe. Na verdade, nem se sabe se eles querem essa mudança, mas é certo que sempre almejam o sabor do poder e não importa o papel a desempenhar.

Nesse espaço escondido, apesar de público, fica expressa a indiferença aos propósitos das CPIs, pois só agora se percebe que os dois partidos, pelo menos nisso, estão certos: as Comissões Parlamentares de Inquérito são distorção do papel do parlamento, são manobras das publicações mais expressivas do país e, portanto, ilegítimas em seu intento de esclarecer, de apurar e punir.

Que fique claro que almejar o poder é a razão de existirem os partidos e isso, teoricamente, os enobrece. O que os empobrece é a mesmice e cada vez fica mais claro que todos são iguais.

Assim, dentre picaretas e pizzaiolos, estrelas vermelhas e aves bicudas, vastos bigodes e dedos em riste, atos secretos e fatos obscuros, bastardos e nepotismo, sempre temos mais do mesmo.

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Um comentário:

  1. Flavinho, há muito tempo, a diferença entre os dois partidos, é simplesmente a cor. Ambos hoje são social-democratas e defendem as mesmas idéias, talvez com um ponto de vista diferente. É como se um falasse que 2 + 3 é igual a 5, e o outro, para não dar o braço a torcer, afirma categoricamente que não. Que 5 é que é igual a 3 + 2.

    Talvez os meios sejam diferentes, mas o resultado é sempre o mesmo.

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