quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu Não Sei

Não sei como é ser da elite, sentir-se da elite ou bajular a elite. Não conheço o sabor de ser esnobe, a sensação de superioridade e não vejo sentido em puxar saco. Isso não me faz um visionário, não me define como coitado e, muito menos, me leva a mudar o que penso sobre o "espírito elitista".

De que vale ser da elite se não houver gente subalterna ao redor?

Como fica o privilégio de andar de carro se até pobre pode ter um?

O que os pobres querem com carro? Só engarrafar meus caminhos?!

Como "exercitar" minha caridade oferecendo serviços, se pobre é "beneficiado" pelo Governo e, desde então, insiste em não aceitar um generoso prato de comida como pagamento?

Para onde ir nas férias se, de uns tempos pra cá, pobre anda até de avião?

O que fazer quando a filha da diarista me acha numa rede social na internet?

Como me vangloriar da vida boa - mesmo sendo fingimento - se pobre até se atreve a sorrir nesses tempos ?

Para que serve minha assinatura de revista semanal se o que ela diz não está nas ruas?

Como entender que um "desdiplomado" é mais querido que muito "dotô"?

Até quando o "vagabundo que cortou o dedo pra se aposentar" vai ser destaque positivo na mídia internacional como grande líder do MEU país? (menos mal que é só na internacional, não é?)

Por que tenho tantos porquês e o meu jornal - antes da minha novela - não convence mais a todos?

Quando o espírito é pobre, não basta o embuste de elite, é preciso não parar no tempo e entender que, por incrível que pareça, há coisas que mudam. Continua mudando, Brasil.

Não quero que cessem denúncias, assim como não as quero embaixo de tapetes persas.

Não quero fim da liberdade, quero responsabilidade.

Como disse o cara: "... democracia não é ter o direito de gritar, reclamar da fome, é o ter o direito de comer."

;D
Sem medo de ver gente feliz.




Nenhum comentário:

Postar um comentário