terça-feira, 8 de junho de 2010

Memorex [003]








Era uma manhã de céu nublado, eu jogava bola numa calçada que, vendo hoje, mal dá para caminhar de tão estreita, e a "tia" que morava em frente estava triste porque havia morrido o Edson Queiroz.

O dono da rádio "mais ouvida", da TV afiliada da Globo e de jornal, dentre outras empresas, parecia ter sido o único a morrer. Até hoje, vinte e oito anos depois, ainda é o destacado entre todas as vítimas.

Ao ver a notícia hoje, logo se iniciou o exercício de lembrar da Escola naquele ano: a professora se chamava Edilene e era uma loira bonita que sempre me elogiava. Ela achava que eu estudava muito enquanto eu jogava bola na calçada. Ah, como eu gostava de olhar pra ela. Certa vez, ela disse pra minha mãe que eu era "muito sabido" e eu devo ter avermelhado toda a face.

Foi naquele mesmo ano que eu, já danadão e bobo, combinei simular uma briga no recreio. O objetivo era atrair atenção das meninas - uma em especial. Eu me daria bem na luta e, sei lá porque, teria a tal menina mais perto. Deu quase tudo errado: a briga esquentou e voou da simulação às vias de fato. Foi porrada à vera. Sujo da areia do pátio, suado, assanhado e chorando pelo plano falho, recebi o carinho da tal menina com vergonha por ter imaginado tudo ao contrário. Em vez de danadão e bom de briga, fiquei de bobo e frágil nos braços de Elisângela. O outro "lutador" ganhou o carinho de outras e continuamos amigos, rindo do episódio poucos dias depois.
Justificar
Às vezes, a vida é assim: você imagina uma coisa boa, acaba chorando por não ter dado certo mas procura depreender algo de bom. O sofrimento pode durar muito ou pouco, a depender da intensidade do desejo previamente estabelecido... e isso também vai determinar a longevidade da lembrança.
.
.

Um comentário: