quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Bola, Mala e Grana









O primeiro elemento é, obviamente, do futebol. O segundo, eventualmente, também é e, claro, o terceiro tem sido cada vez mais presente. Seja nos contratos milionários, seja no atraso de salários, seja no preço dos ingressos para ver os jogos, o dinheiro, a grana lá estão.

Mesmo assim, estando tão acostumados ao trânsito de vultosas quantias de dinheiro quando o assunto é futebol, certas práticas seguem nos moldes antigos. Sabe quando você fazia a lição de casa e, em troca, como recompensa, recebia algo dos pais? Como em diversos outros pontos, há divergências sobre esse procedimento, pois há quem defenda que essa recompensa é descabida, pois já é papel do estudante, do aluno, fazer a tal lição.

Bem, no futebol, inventou-se, antigamente, o termo "mala preta", que servia para denotar o pagamento obscuro por algum resultado que se pretendia obter. Algo como um terceiro pagar para que certo jogo tenha resultado que lhe agrade. Mais recentemente, surgiu o termo "mala branca", com o mesmo fim mas, como a cor sugere, esse seria do "bem", seria o inverso da preta. Seria branca a mala que levasse dinheiro para pedir que alguém vença e, claro, a preta traria a recompensa a quem fosse derrotado.

Na verdade, pouco importa a cor da mala, pois a questão está no caráter:
- Se o time é uma porcaria, está em frangalhos, alguém lhe enviaria dinheiro para vencer um adversário claramente superior? Isso adiantaria?
- Se o homem é digno, honrado e profissional, alguém lhe ofereceria dinheiro para "facilitar as coisas" em determinado jogo?

A discussão é ampla, reveladora e, ao que parece, sem fim mas, a propósito disso, toda opinião deve ser respeitada. No mínimo, fica uma certeza: o pagador, por mais sujo que seja, não será estúpido ao ponto de contratar um jogador que, um dia, sequer cogite aceite a uma proposta de "mala", qualquer que seja sua cor. Isto seria, com o devido ajuste, o mesmo que casar com infiel e, de pronto, lhe cobrar fidelidade. Odair José, entre muitos outros, está aí para dizer que é possível, mesmo não sendo recomendável.

Alguns teriam dito que a "mala branca" é legal e a "mala preta" não é. Da mesma forma, já foi dito que aceitar favor em troca de voto pode, mas não pode vender. Também já foi dito que traição só se consuma na cama e beijar pode. Enfim, são muitas mentes, muitas índoles, muitos interesses e, vendo tudo, muitos tolos a torcer, xingar e até brigar por times de futebol e suas paixões.

Sim, sou um dos tolos, mas estou aprendendo e, um dia, chego lá, de mala e cuia, sem volta, num lugar bem distante da grama, das redes, da bola e do apito. Também não recebia recompensa por fazer as lições da escola, mas as recebo hoje, pelo que aprendi, pelos erros cometidos, pelos caminhos mal trilhados, pelas escolhas que fiz, afinal, tudo tem um preço que a vida cobra, mas nem tudo está à venda.
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